24 de junho de 2018

A diáspora dos jogos teatrais

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A DIÁSPORA DOS JOGOS TEATRAIS.
Todos podem atuar, todos podem improvisar. Ninguém ensina nada a ninguém.
Viola Spolin
Na apresentação do dossiê Jogos Teatrais no Brasil: 30 Anos, publicado on line na Revista Fênix (UFU) de História e Estudos Culturais (2010), Ingrid Koudela descreve os primórdios da pesquisa em nosso país dos Theater Games. Propostos nos Estados Unidos pela imigrante russa Viola Mills, depois conhecida como Viola Spolin (1906-1994), e por seu filho o diretor de teatro Paul Sills (1927-2008).
A prática coral e performática dos Theater Games, como escola da improvisação e do conhecimento intuitivo, se desenvolveu em meio a uma intensa atividade de trabalho social e de ativismo na recepção de imigrantes que chegavam aos Estados Unidos a partir de 1889. Originalmente, na tradição estadunidense, os jogos teatrais nasceram em diálogo com o patrimônio de cultura oral das brincadeiras cantadas, narrativas poéticas e jogos de várias tradições. Foram produto de um projeto de democratização da educação que integrava os imigrantes e procurava, através do improviso e dos jogos, desenvolver valores sociais. O Hull House Project, desenvolvido por Jane Addams (1860-1935), se envolveu inclusive em lutas sindicais por melhores condições de trabalho e de vida aos imigrantes, seja na luta pela proibição do trabalho aos menores de 14 anos (1893-1903) ou pelo direito de voto às mulheres (1920).
As oficinas de jogos teatrais produziram tanto nos EUA como entre nós uma compreensão singular do fazer teatral e originaram uma intensa literatura crítica sobre o que chamamos de Pedagogia do Teatro. Os tempos são outros e há múltiplo pensamento procurando responder à difícil tarefa do desenvolvimento da Arte.
Improviso, jogo e performance são considerados hoje estandartes para o renascimento do teatro. Surge ainda, no Brasil, uma utilização múltipla dos jogos teatrais que entra em contato com diversas experiências internacionais. Novas abordagens se desenvolvem a partir de textos poéticos e imagens. O exercício com a Peça Didática de Bertolt Brecht torna incandescente o debate. Os jogos teatrais exercem aí uma função primordial, na defesa do espaço libertário da ludicidade.
Ingrid Dormien Koudela, Robson Corrêa de Camargo e Karine Ramaldes organizam agora um dossiê sobre os 40 anos da Diáspora dos Jogos Teatrais. Buscamos os diálogos múltiplos, deslocamentos, amálgamas, críticas e dispersões pelos quais passam os jogos teatrais.
Quarenta anos depois, e frente a um tempo também difícil, convidamos artistas, pedagogos, filósofos, pesquisadores, a refletir sobre esta caminhada com os jogos teatrais, seus encontros e desencontros. O convite é para o diálogo reflexivo: como o sistema de jogos teatrais, vem sendo experimentado na realidade cultural brasileira?

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